sábado, outubro 22, 2005


Siga o mestre! É melhor assim,

quinta-feira, outubro 20, 2005

O consenso, o adestramento, a mesmice, a educação e a morte do intelectual

"NELSON ASCHER

A morte do intelectual

As mães e avós de antanho tinham razão: mimar crianças as estraga. E mimá-las demais as estraga absolutamente. Como o nicho ecológico da correção política -seu berçário e asilo- é, do jardim de infância às universidades, o sistema educacional, é nele também que brotou e se enraizou a revolta contra tais constatações milenarmente testadas e comprovadas.
O processo educativo, previamente considerado uma catequização de selvagens, uma domesticação de feras perigosas, transformou-se hoje na extensão do aleitamento materno aos adolescentes que, por seu turno, mantêm-se oficialmente nessa faixa etária deleitosa e dilatável até quase vésperas da aposentadoria precoce.
Nos países ricos, onde a praga em questão assumiu dimensões pandêmicas, mestres e educadores vêem como um dever central não humilhar o corpo discente, dever que, entendido no sentido amplo, equivale a não lhe arranhar nem a epiderme da auto-estima, por exemplo, apontando que se cometeu um erro de tabuada aqui, de concordância verbal ali.
Evidentemente repreender um estudante ou puni-lo pelo que quer que seja está fora de questão, mas, ademais, tampouco é lícito, segundo os mestres e educadores acima, conceder recompensas diferenciadas a quem alcance resultados diferentes. A igualdade de resultados tornou-se obrigatória. Todo bebê, púbere, adolescente, jovem ou hippie grisalho, tem o direito inato e perpétuo a ser o primeiro da classe, assim como as garotas de qualquer idade, mesmo antes do spa, da academia ou da plástica, conquistaram o direito irrevogável a serem top models, já que todas, graças a alguma divindade igualitária, são naturalmente lindas. E quem discorde é um porco machista ou, pior, pecado dos pecados, culturalmente insensível.
Uma das razões disso é que, de tantas instituições criadas ou consolidadas durante a modernidade, a única nunca sistematicamente contestada ou sequer questionada é o sistema educacional. Às vezes talvez possa até sê-lo neste ou naquele detalhe contingente, mas, em sua essência, jamais.
A educação, sobretudo se pública, universal e gratuita, passou a ser tomada como um bem supremo -e a tal ponto que a primeira (e última) linha de defesa a que recorrem os apologistas de tiranias estatizantes se resume em afirmar que, não obstante a falta de alternância e alternativas no poder, um ou outro campo de trabalhos forçados, o paredão ocasional, elas se redimem oferecendo de graça escolas e hospitais aos súditos. Que seus professores sejam amiúde semi-analfabetos e seus médicos, aos quais chega apenas quem sobreviva às filas de espera ou disponha de amigos simpáticos e de bolsos fundos, tenham uma competência questionável, bom, tais minúcias em nada afetam a santidade das intenções de base.
No entretempo, parcelas crescentes do ensino vêm sendo colonizadas pelo conceito de "educação". A meta do ensino consiste em transmitir aos alunos tanto um conjunto de informações úteis como os pré-requisitos metodológicos que lhes permitirão, de início, assimilá-las e, em seguida, saírem por conta própria em busca de outras.
Quanto à educação, esta apresenta metas ambiciosas como, em gerações anteriores, a formação de patriotas leais, depois a de cidadãos exemplares e, agora, a de seres humanos que pensem o que convém pensar, nem um pouquinho aquém, nem um pouquinho além e, principalmente, de forma alguma, algo distinto ou contrário. Para que martelar a regra de três na cabeça de um coitado quando o prioritário é dotá-lo de uma "consciência social", levá-lo a apoiar boas causas, militar por um mundo solidário, defender o verde, não comer alimentos transgênicos, votar certo nas eleições e plebiscitos? Para que perder tempo com discussões se, através de intérpretes autorizados e diplomados, os fatos sempre falam por si sós?
Mais relevantes, porém, do que razões ou causas são as conseqüências do paradigma educacional, das quais, embora haja uma infinidade, a que no momento me interessa é a morte não da intelectualidade, uma categoria que prolifera sem cessar, mas, sim, na acepção que, da Renascença até a Primeira Guerra, os séculos deram ao termo, a do intelectual.
Se os intelectuais outrora eram, entre outras coisas, indivíduos que "diziam a verdade na cara do poder", eles se destacavam igualmente por deduzir qual o poder que, em cada circunstância, cabia desafiar, pois não raro se tratava daquele controlado menos pelos governos do que por seus pares. Eles desempenhavam o papel voluntário de, defendendo opiniões antipáticas, insurgirem-se contra as unanimidades aparentemente democráticas da intelectualidade e da opinião pública.
Não é de hoje que se confundir no rebanho de colegas e, repetindo o que a maioria quer ouvir, bajular a platéia rendem pontos, afeto e sinecuras. Se bem que os antigos intelectuais fossem tão humanos quanto o resto da espécie, seu afã de, eclipsando a prudência e o corporativismo, fazer perguntas inconvenientes constituía a pedra angular do mercado livre de idéias.
O Leviatã educacional e a intelectualidade seguem, para abusar da expressão imortal de Noam Chomsky, se especializando na manufatura do consenso. Acha-se atualmente em toda parte, nas escolas, na academia, entre artistas, nas publicações mais diversas, um conformismo que antes somente regimes totalitários pareciam capazes de instaurar. E os instrumentos com os quais se atingiu este sucesso suicida, em vez do cárcere ou da sala de tortura, foram a abolição da competitividade, a premiação da inapetência, a desconfiança em face do individualismo e o desestímulo à curiosidade."

Admirável mundo novo, Big Brother, Farenheit 451 e muito mais, numa impressora perto de você!

Cuidado: sua impressora espiona você

Agência EFE

Um grupo de defesa da privacidade descobriu o que significam os minúsculos pontos deixados por algumas impressoras coloridas: um código que permite saber a data e a máquina na qual o documento foi impresso.

Há algum tempo, a Fundação Fronteiras Eletrônicas (EFF, na sigla em inglês), um grupo de defesa dos direitos civis com sede em São Franscisco (Califórnia), suspeitava dos pequenos pontos que algumas impressoras laser coloridas escondiam em cada documento.

Após cerca de três anos de pesquisas com a ajuda de centenas de voluntários de todo o mundo, que enviaram documentos impressos em diferentes máquinas aos escritórios da EFF, o grupo finalmente revelou o mistério.

Os Serviços Secretos dos EUA admitiram a existência de um acordo com vários fabricantes de impressoras para identificar produtos falsificados, mas até agora não se conhecia a natureza da informação contida em cada documento.

Trata-se, no entanto, de uma explicação que não satisfaz à Fundação.

"É estranho que alguém o trate como um criminoso sem que você sequer o saiba", afirmou à EFE Rebecca Jeschke, porta-voz do grupo.

Segundo David Schoen, técnico da EFF, os pontos de pelo menos uma linha das impressoras codificam o dia e a hora em que o documento foi impresso, assim como o código de série da impressora.

Cannon e Xerox estão na lista de fabricantes que utilizam os códigos (a EFF dispõe de uma lista completa na home-page http://www.eff.org/Privacy/printers/list.php).

As pequenas marcas são pontos amarelos com menos de um milímetro de diâmetro, repetidos em cada página do documento e tão pequenos que não podem ser vistos a olho nu.

Para observá-los, é necessária uma luz azul e uma lupa ou um microscópio (a EFF também disponibiliza em sua página instruções para os curiosos que desejem ver as marcas).

A fundação começou o projeto com a linha de impressoras Xerox DocuColor, uma máquina mais facilmente encontrada em escritórios e centros de fotocópias do que em residências.

Uma equipe liderada por Schoen comparou diferentes documentos impressos na mesma máquina e, após observar as semelhanças e diferenças, encontrou a maneira de decodificar os sinais.

"Até agora, só deciframos o código das impressoras DocuColor - diz Schoen -, mas achamos que outros modelos de outras fabricantes incluem a mesma informação nos pontos".

A organização pôs a disposição do público em sua página um programa automático para que qualquer um possa decodificar os pontos deixados por sua impressora.

A Xerox admitiu previamente que estava atuando em conjunto com o Governo neste sistema de rastreamento, mas assegurou que somente os Serviços Secretos poderiam decifrar a informação.

Por sua vez, o Serviço Secreto afirma que só usa esta informação para investigações relacionadas a falsificações.

Mas, segundo adverte a EFF, não há uma legislação específica que impeça o abuso desta informação por parte do Governo.

"Os movimentos democráticos clandestinos que publicam panfletos políticos e religiosos sempre necessitarão do anonimato de uma simples página", disse Lee Tien, um dos advogados do grupo.

"Esta tecnologia torna mais fácil o trabalho dos Governos na hora de encontrar os dissidentes", afirmou Tien.

O advogado da EFF ressalta que a descoberta tem graves implicações, já que estes códigos dão ao Governo e à indústria privada "possibilidades de enfraquecer nossa privacidade com um equipamento que é utilizado cotidianamente, como as impressoras".

Tien acha que os técnicos da EFF têm muito trabalho pela frente: "A próxima grande dúvida é: que outras armadilhas estão sendo preparadas para garantir que nossa tecnologia nos traia?". Boa pergunta.

terça-feira, outubro 18, 2005

Putz!

Esqueci que tenho um Blog, e agora?