Rifle na janela
Rifle na janela
I
Sempre se fodeu na vida, o tal do Alex. Péssimos pais, péssimas escolas, quase nenhuma alimentação até os 12 anos de idade, nenhuma diversão. Com as garotas a sorte também não mudava. Introvertido, feio, Alex se frustrava seguidas vezes no amor, nunca correspondido. Alex via seu fim muito próximo, talvez se tornasse um bandido, um malandro, na melhor das hipóteses seguiria a profissão do pai, a carpintaria.
Cresceu, Alex. Seguindo o ritual dos pobres. Na igreja comungava todos os domingos, quando recebia a hóstia, fechava os olhos, mas não rezava, não sabia o que fazer, com quem falar ali naquele vácuo escuro de seus pensamentos. Também não gostava do sabor insipiente daquela moeda divina, que se dissolvia na língua como sua própria existência. Tudo lhe torrava a paciência, e não demorou muito para começar a detestar os rituais, as ladainhas, a promessa de redenção, da intervenção divina e toda aquela quietude e comiseração pregada pelos executivos do Vaticano.
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