terça-feira, fevereiro 08, 2005

Conto novo: 11 de Setembro de 2007

Acabo de concluir a escrita de mais um conto para o DISTOPIA, meu livro de contos que sairá um dia... A seguir, um fragmento deste texto inédito.

11 de Setembro de 2007

I

Nós estávamos dispostos a eliminar as armas de destruição em massa. Compúnhamos uma equipe secreta, pequena e decidida a desaparecer com as ogivas nucleares que estavam guardadas na base de Los Alamos, a poucos metros de nossas salas de pesquisa. Um dia, um de nossos cientistas teve a brilhante idéia de reprogramar as rotas de todos os mísseis, enviando de uma só vez as 15 mil ogivas para o espaço. A idéia era simples, como as melhores idéias devem ser. Através do computador central do Pentágono, reprogramaríamos todo o sistema de alvos que o governo americano identificara durante todos os anos de corrida nuclear e também os novos trajetos, criados após o 11 de setembro. Alvos como a Arábia Saudita, o Afeganistão, o Brasil, a Coréia do Norte, a Venezuela e a China.

O plano foi minuciosamente elaborado durante sete anos. Durante o período não conversávamos muito a respeito. Uma única reunião desde que tivemos a idéia foi marcada e durante doze horas, traçamos as metas a alcançar, distribuímos as tarefas que cada um deveria desenvolver e também um prazo para a conclusão dos trabalhos. Nos sete anos, apenas uma única reunião extraordinária foi marcada às pressas e para discutir o problema do acesso a senha de comando que ativava as ogivas, senha esta, conhecidamente nas mãos do Presidente dos Estados Unidos da América, o Presidente Bush.

Para resolver a questão, filiamo-nos ao partido republicano ao qual o presidente era vinculado. Assim, com nosso renome e nosso empenho para propagar as idéias armamentistas daquele governo, em sua reeleição no ano de 2004, conseguimos indicar um assessor especial para acompanhar o presidente nos debates, viagens e reuniões que tinham o armamento nuclear como pauta, e o indicado par tal tarefa, uma tarefa evidentemente suicida, acabou sendo eu, Carlo Giuliani, PHD em fissão nuclear, chefe do departamento de pesquisa de Los Alamos.

Durante os anos de nossa conspiração, nos encontrávamos diariamente no laboratório mas nunca tratávamos do assunto, e as ocasiões em que isto ocorria eram em datas de congraçamento como o 4 de julho ou o dia de Ação de Graças. Nestas ocasiões, checávamos os protocolos de segurança, tanto os nossos quanto os do governo, as vezes nós mesmos conseguíamos apresentar ações de segurança que o governo aceitava. Da última vez, apresentamos um protocolo que se aproximava da perfeição, que a princípio elevavam a um grau quase impossível a quebra da segurança. O detalhe óbvio é que nós mesmos nos tornaríamos os únicos a saber como romper com o sistema, o que de fato ocorreu.

Continua...